O uso crescente de plásticos na agricultura contribui para a contaminação do solo por microplásticos, afetando negativamente plantas, microrganismos e a saúde humana
Os MPs são partículas <5 mm e devido às suas características físicas e químicas podem gerar danos nos organismos vivos. Apresentam notável durabilidade e resistência à biodegradação, ou seja, resistência à decomposição pelo microrganismos, pelo que são considerados persistentes no meio ambiente. As fontes dos microplásticos podem ser primárias ou secundárias. As primárias incluem aquelas produzidas intencionalmente em tamanho micro, como revestimentos de fertilizantes. As secundárias, por outro lado, formam-se no ambiente a partir da degradação e fragmentação dos plásticos maiores expostos no ambiente, sendo essa a principal fonte de microplásticos no solo agrícola. Com o tempo estas micropartículas são incorporadas dentro do solo carregados pela água, mas também gera a liberação decompostos tóxicos que afetam negativamente às plantas e microrganismos do solo.
O uso de plásticos na agricultura é uma ferramenta que ajuda a incrementar a produtividade e o rendimento dos agricultores, tornando-se assim uma prática moderna, denominada “plasticultura”(uso de plástico em diferentes etapas da produção agrícola). No entanto, os plásticos são uma fonte de contaminação de solos agrícolas, devido ao seu uso prolongado aliado a falta de reciclagem e de uma gestão sustentável.
A plasticultura abrange o cultivo de mudas, uso de coberturas plásticas para o controle de plantas daninhas, películas e redes para construção de estufa, protetores para pomares e frutas, sistemas de irrigação de plantas por tubos gotejadores, utilização de fertilizantes com microplástico em sua composição, entre outros. O lodo de esgoto, resíduo orgânico gerado no tratamento de esgoto, por vezes usado como fertilizante, também pode transportar MPs para as terras agrícolas por apresentar elevada concentração de matéria orgânica que, por sua vez, se ligam aos MPs.
No solo os MPs podem transportar diversas substâncias tóxicas, afetando negativamente o crescimento das plantas, as comunidades microbianas, e consequentemente a saúde humana por meio da cadeia alimentar uma vez que os MPs têm o potencial de ingressar e se acumular dentro das plantas. A exemplo temos o Trabalho de Conclusão de Curso de Luiza Franco de Souza, que desenvolveu um experimento sob condições controladas, no qual fez a contaminação proposital do solo com microplástico PVC (policloreto de vinil) em vasos e cultivados com rúcula (Eruca sativa L). Os resultados evidenciaram que a presença de microplástico influenciou negativamente na emergência e na massa fresca das plantas, em comparação com a amostra de solo que não foi contraminado com MPs.